Teve lugar em 18 de Dezembro de 2014, na Sociedade Portuguesa de Autores, a sessão de entrega dos prémios PEN para as obras publicadas em 2013 nas modalidades de Poesia, Ensaio, Narrativa e Primeira Obra.

Contamos publicar em breve os textos dos júris sobre as obras, que já noticiámos neste site. Segue-se o texto de intervenção da presidente do PEN, Teresa Salema:

 Pela 35ª vez consecutiva, o PEN Clube Português acompanha o culminar de todo um processo que implica uma coordenação e uma logística para muitos impensável e que nos mobiliza durante uma grande parte do ano. Move-nos a convicção de nos inscrevermos numa longa história de homenagem à criação, na sua diversidade e pluralidade, numa dinâmica de afinidades e resistências. 

   Se a imagem do iceberg é frequentemente usada para significar os aspectos e momentos visíveis e invisíveis de toda a figuração cultural, já no que diz respeito à literatura talvez se pudesse falar de um iceberg invertido, na medida em que a procura de uma obra que nos amplie os horizontes da percepção e imaginação, uma obra que intensifique a nossa inserção na complexa teia do tempo e do espaço, tem muitas vezes de acontecer após uma travessia dessas paisagens desoladoras em que se tornaram as grandes superfícies que vendem livros. E também algumas livrarias – basta recordarmos como eram e no que se tornaram.

   E contudo escreve-se sempre. E contudo muitos editores confiam nos autores que arriscam o exercício firme e feroz da palavra. E tão-pouco o PEN rema contra aquela maré que tudo faz para fazer equivaler globalização a americanização, a – perdoem-me a hibridez do que vem a seguir – “lightização” da literatura: apenas continua, na exigência que pauta o nosso trabalho, a inscrever-se na preocupação de detectar o que para nós continuam a ser os filões da criação que tornam visível o que de outro modo permaneceria na obscuridade – ou talvez nas luzes de néon de capas mainstream, de tessituras de palavras arbitrariamente alinhadas mas sem verdadeiro texto.

   Este ano houve uma selecção particularmente plural dos júris, da qual resultaram intensos debates e manifestações de uma diversidade que contribuiu para conduzir a várias situações de ex-aequo. Estas abrem, para muitos de nós, o leque da criação que nos faz deixar para trás as longas horas de avanços e recuos nas escolhas. Com essa variedade de decisões nada mais pretendemos do que chamar a atenção para a infinitude de tessituras que emergem e palpitam para além das teias sufocantes das grandes superfícies. É com a letra persistente, é com as pequenas livrarias, é com os editores que em nós confiam. é com a DGLAB, é com o trabalho de todos que continuamos a celebrar a alegria da criação. 

Nas imagens, vemos respectivamente os premiados (Ana Luísa Amaral, Bruno Vieira Amaral, Rosa Oliveira), Gastão Cruz, Golgona Anghel, João Pedro Cachopo e Diogo Ramada Curto) e membros dos júris (Fernando J. B. Martinho, Filipa Melo, Paula Morão, Nuno Crespo, Maria João Cantinho, Vítor Viçoso, João David Pinto-Correia e Teresa Salema).

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