O PEN Internacional

P.E.N. é a abreviatura de Poetas, Ensaístas, Novelistas. O clube Internacional foi fundado por Catherine Amy Dawson-Scott (1865-1934), em Londres, em 1921, no rescaldo da Primeira Grande Guerra. Começou com uns jantares à quinta-feira – «The Tomorrow  Club» (para os escritores de amanhã) – em que se reunia um pequeno grupo de jovens e auspiciosos autores ingleses. Em 88 anos veio a tornar-se a maior – e mais antiga – organização de escritores do mundo inteiro.

O presidente inaugural foi John Galsworthy (Nobel 1932) e, entre os primeiros membros, encontravam-se Joseph Conrad, George Bernard Shaw (Nobel 1925)  Elizabeth J. Craig e H. G. Wells. Foi por mão deste último que se esboçou, no seio do P.E.N., a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Foi também o grupo inicial que redigiu os quatro pontC. A. Dowson-Scott (1865-1934)os da Carta de princípios que orienta a associação.

A ideia inspirou o estabelecimento de outros Centros por essa Europa fora. Criadores como Anatole France, Paul Valéry, Thomas Mann, Benedetto Croce e Karel Capek foram membros dos respectivos P.E.N. Era H. G. Wells seu Presidente quando, reunida em 1933 em Dubrovnik, a Assembleia de escritores condenou o totalitarismo tanto da Alemanha Nazi como da Rússia Soviética de Estaline. O foco na liberdade de expressão nunca mais esmoreceu.

Em oitenta e oito anos de existência, o P.E.N. Internacional conseguiu unir escritores de múltiplas nacionalidades em torno da defesa dos valores cívicos associados à criação das literaturas de todo o mundo. Neste momento congrega escritores de mais de cem países, distribuídos pelos cinco continentes, agregados em cerca de 145 Centros relativamente autónomos. É digna de orgulho a longa lista de nomes eminentes que colocaram as suas energias ao serviço do desenvolvimento da visão e missão distintas do P.E.N. Internacional.

Um dos seus objectivos fundamentais, enquanto associação agora já mundial, é que os diversos autores se conheçam uns aos outros, e às respectivas obras; que se envolvam activamente na defesa dos direitos humanos, em particular no que se refere à liberdade de expressão, promovendo o socorro a escritores perseguidos, presos, torturados, exilados. A organização tem um conhecimento profundo de todos os casos que vão surgindo, e empenha-se activamente na resolução de situações problemáticas. Mais recentemente foi elaborada uma Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, em defesa das gentes, das línguas e das escritas, aprovada em Barcelona, a 6 de Junho de 1996, em cuja redacção foi de relevo o papel desempenhado pelo P.E.N. Clube Português.

Para coordenar estes vários esforços foram surgiram diversos Comités, sendo o mais famoso o Comité de Escritores na Prisão [WiPC]. Existem ainda o Comité de Mulheres Escritoras do P.E.N. Internacional [WWC], o Comité de Escritores para a Paz [WfPC] e o da Tradução e Direitos Linguísticos [TLRC]. São eles os agentes das mais fervorosas aspirações do P.E.N. Internacional. O Comité de Escritores na Prisão, provavelmente o mais conhecido, coordena a pesquisa, e acção à escala mundial, relativamente a todos os casos de escritores assassinados, atacados, presos ou ameaçados que lhes chegam.

São vários os autores que atestaram o peso da oposição e protestos por parte do P.E.N. Internacional, quando a tirania se abateu sobre o seu país, ou sobre si próprios. Referem-se os exemplos da activista do Bangladesh Taslima Nasrin; do Brigadeiro-General Gallardo Rodrigues, no México; o famoso caso de Salman Rushdie. São testemunho do papel vital das campanhas de publicidade na imprensa, de divulgação postal e electrónica, no sentido de assegurar as liberdades individuais.

Do mesmo modo, os outros Comités trabalham em rede no sentido de promover a literatura e providenciar encorajamento e apoio a todos os criadores. A sua voz faz-se ouvir em lugares de relevo da vida social e política.

Os membros do P.E.N. Clube reúnem-se em Congresso Internacional uma vez por ano, em cidades de todo o mundo. Os delegados dos seus Centros encontram-se para discutir assuntos de relevo para a sua arte, fazer o balanço das actividades passadas, tomar consciência da extensão dos empreendimentos, avaliar o poder de mediação do P.E.N. e traçar as linhas orientadoras da sua intervenção política futura.

As acções dos grupos nacionais estendem-se por todo o calendário, realizando inúmeras conferências, encontros e simpósios de características regionais ou temáticas. Para cada membro do P.E.N. as actividades e os co-membros do seu Centro local são a face imediatamente visível da associação. É através dos Centros que este companheirismo tão especial se expressa, seja na participação em projectos literários, seja em campanhas contra a censura e a repressão.

Actualmente o P.E.N., enquanto organização literária mundial, tem o estatuto de consultor junto da UNESCO. É considerado por esta entidade como uma organização modelo (umbrella) para a área dos escritores. Isto significa que todas as outras organizações têm que coordenar os seus esforços e alinhar os seus objectivos pelos do P.E.N. Internacional, a fim de poderem beneficiar de apoios para a realização de programas culturais.

O P.E.N. Internacional orgulha-se do seu caminho ímpar, onde a integridade dos objectivos e a ética de uma Carta comum unem os seus membros à escala global. O P.E.N. Clube Português, criado em 1978, tem exercido uma actividade intensa e continuada. É composto por mais de duzentos autores de entre os mais relevantes do nosso país.

Ao promover a literatura, ao defender a liberdade de escrita, acreditamos que estamos a construir pontes para a formação de uma cultura para a paz, que venha a permitr o ambiente criativo necessário para a escrita inspirada das gerações futuras.

Mais informações aqui  e um Mapa dos Centros PEN pelo Mundo.